
A Bahia tem pelo menos uma ponte com uma situação estrutural pior do que a Juscelino Kubitschek de Oliveira (JK) , entre os estados de Tocantins e Maranhão, que desabou no dia 22 de dezembro, provocando 14 mortes e deixando três pessoas desaparecidas. A avaliação estrutural da ponte sobre o Rio Jequitinhonha, no quilômetro (km) 661 da BR-101, no município de Itapebi, recebeu a nota 1, numa escala que vai até cinco, em relação às suas condições em um artigo produzido por especialistas durante o Congresso Brasileiro do Concreto, em outubro do ano passado. Só para comparação, a JK foi avaliada com nota 2.
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Outras quatro pontes na Bahia se juntam à instalada sobre o Rio Jequitinhonha, na avaliação de estruturas em condições críticas do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), responsável pelos equipamentos em rodovias federais. As Obras de Arte Especiais (OAEs), no jargão da engenharia, críticas identificadas até agora são o viaduto sobre a Rede Ferroviária Federal (Rffsa), no km km 217 da BR-101, em Governador Mangabeira; e as pontes sobre os rios Catolé, no km 449, também da BR-101, na divisa do Espírito Santo com a Bahia; a da Vila, no km 20, da BR-367, em Santa Cruz de Cabrália; e a que está sobre um rio sem nome, no km 8, da BR-498, na divisa da Bahia com Minas Gerais. As informações enviadas pelo Dnit não indicam se estas pontes foram avaliadas com notas 1 ou 2.
A movimentação na ponte do Jequitinhonha mostra os prejuízos provocados pela falta de cuidados. Apenas veículos com até 25 toneladas podem trafegar sobre a estrutura, porém no regime de pare e siga, o que provoca constantes congestionamentos na rodovia. Aos mais pesados, resta como alternativa um contorno com mais de 70 km, que chega a demorar três horas, em virtude do intenso tráfego.

Com receio de ver se repetir na Bahia, a tragédia da ponte JK, o Dnit determinou como alternativa o trecho da BA-275, construído anteriormente pela Veracel Celulose. Os relatos dos condutores são de uma enorme demora na estrada, que é estreita e, em boa parte, de terra, onde os veículos estão constantemente sujeitos a atolar. Em dias de chuvas, é certo ter problemas.
E os condutores ainda vão precisar ter paciência por mais alguns meses, uma vez que as estimativas informais para a restauração da estrutura são de que as obras devem prosseguir até, pelo menos, o final deste ano. As contas são de que a necessidade é de “algumas dezenas de milhões”, ainda informalmente falando.
A decisão de restringir o tráfego aconteceu diante do cenário de cheia no rio Jequitinhonha, mas quem passa com frequência pelo local diz que os problemas da ponte são visíveis até para leigos e já estavam lá há bastante tempo. Em janeiro, após o traumático incidente no Tocantins e o aumento em até três vezes na vazão do Jequitinhonha, o jeito foi limitar o tráfego. De acordo com informações da Prefeitura de Itapebi, na época, a vazão do rio, que normalmente era de 600 metros cúbicos (m³) por segundo passou para 2 mil m³/s. A ação da natureza sobre concreto degradado e ferragens expostas levantou preocupações.
Segundo o Dnit, após o aumento na vazão do rio, a ponte demandou a restrição de carga para veículos de até 25 toneladas, operação de pare e siga com afastamento de 60 metros entre caminhões e a redução da velocidade permitida para 40 km/h durante o trânsito pela ponte.
A autarquia informou, em nota, analisa os estudos, projetos básico e executivo de engenharia e execução para obras de reabilitação da ponte. O projeto está em fase de aprovação, mas os serviços preliminares para as obras tiveram início no dia 21 de fevereiro, de acordo com o órgão. “As primeiras ações incluem a mobilização de equipamentos, pessoal, instalação do canteiro de obras, operação dos serviços Pare e Siga e a sinalização vertical de advertência e de recomendação. As medidas restritivas serão ajustadas no decorrer do andamento dos serviços”, detalhou.